sábado, 9 de janeiro de 2016

A RESOLUÇÃO PARA 2016 É PERMANECER VIVO, ELIAS RIBEIRO PINTO



A RESOLUÇÃO PARA 2016 É PERMANECER VIVO
ELIAS RIBEIRO PINTO

A COLUNA

Levanta a mão aí quem não foi roubado em 2015. Ei, não vale levantar a mão depois de morto. Recomendo-lhe a mesa espírita

A RESOLUÇÃO PARA 2016 É PERMANECER VIVO

1 Tão logo saem de cena as listas de melhores disso e daquilo de final de ano, sobe ao palco, já iluminado pelo ano-novo, outra lista da estação: a de resoluções para o futuro a curto, médio e longo prazo. Se bem que os economistas recomendam evitar esta última alternativa, principalmente se, para realizá-la, você tiver de recorrer ao cartão de crédito.
2 Imagino que a primeira resolução da maioria dos brasileiros é a da sobrevivência – financeira. A trilha sonora para este enredo pode ser aquela música: “Não está sendo fácil/ Não está sendo fácil viver assim...”. A segunda resolução (mas que também pode ser a primeira, como já veremos), e podemos dizer que é a de todo belenense, é a da sobrevivência – existencial. E não estamos nos referindo ao existencialismo sartriano.
3 Diante do pega pra capar instituído pela bandidagem e pela justiçagem (permitam-me a rima delinquente), manter-se vivo em 2016 é uma meta mais real do que a meta de inflação anunciada pelo governo.
4 Levanta a mão aí quem não foi assaltado ou furtado (andando, no ônibus, no carro ou na própria residência), não teve o carro levado ou a janela arrebentada, não sofreu sequestro relâmpago ou saidinha bancária? Ei, não vale levantar a mão depois de morto. Recomendo-lhe a mesa espírita.
5 Quando, nas redes sociais, alguém comenta que foi roubado, teve a janela do automóvel quebrada, e diz que o seu bairro está infestado de ladrões, logo pipocam outros comentários informando que o bairro em que moram também está dominado pela marginalidade. Soma-se daqui e dali e vê-se que não se tem para onde fugir. Só os ladrões sabem o caminho da fuga. Isso quando ainda se dão ao trabalho de “empreender rota de fuga”.
6 Diante do trem fantasma, ou do circo de horrores, anunciado por futurólogos e economistas de plantão, já dá saudade do tempo em que as resoluções se mantinham nas promessas burocráticas de parar de fumar, de deixar de enfiar o pé na jaca, de se alimentar melhor, fazer exercícios...
7 O Frank Sinatra (no ano passado celebrou-se o centenário de The Voice), por exemplo, no réveillon de 1980, durante um show em Las Vegas, comprometeu-se a passar um dia inteiro sem beber. O dia 30 de fevereiro... Também disse que pararia de fumar – ao menos durante o banho. E que seria gentil com animais idiotas, incluindo gatos, cachorros e repórteres.
8 De minha parte, a cada ano que passa o calendário do futuro vai se abreviando. Aquele livro, aqueles clássicos cuja leitura você sempre se prometeu para “daqui a pouco”, tem tempo, ao que tudo indica, já não tem tanto tempo assim.
9 Bem, se não der tempo, só espero que a biblioteca instalada na vida além da morte não disponha só de livros de autoajuda. E tomara que o bibliotecário seja o Borges, o melhor guia para uma biblioteca infinita.
Por enquanto, ao leitor que me lê, boas leituras em 2016.

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