quarta-feira, 1 de abril de 2015

Cotidiano, francisco vaz brasil



Cotidiano
francisco vaz brasil


No açougue,
Ah, no açougue
As carnes, como estandartes,
Sorriem ante a agonia
Do meu bolso.

Embaixo, perfiladas,
Lágrimas em barras,
Explodem
- Meus olhos estupefatos

Na ente-sala,
Os sócios do bloco do ócio
Discutem os preços
Das tumbas & catacumbas
E os funéreos destinos
Enquanto cigarros
Criam cinzas imperceptíveis.

Na rua, onde os fatos acontecem,
Transeuntes inconsequentes
Admiram as vitrines,
enquanto isso, queimam-se
os campos de trigo
inflacionando o preço do pão

O certo é que
há milhões de fêmeas
parindo futuros finados


[e, nos cemitérios, somos
pacientemente aguardados]

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