domingo, 29 de setembro de 2013

Dorme cidade, dorme - Francisco Vaz Brasil



Dorme cidade, dorme
                   Francisco Vaz Brasil




dorme cidade
é tarde
agora há silêncio

os bares estão fechados
os manifestantes do ego
já partiram em suas naves
deixando pranto e solidão

as excelsas naves
das trezentas belas morenas
e dos cisnes negros da glória
com seus dentes escarlate
e pele macia partiram

- há pedras,  molotovs
  Vidraças quebradas
  olvidadas nas sujas calçadas

há alguns grunhidos
no frio cárcere
- advoga-se o hálito burguês

dorme cidade
(menino, sê bom)
amanhã será outro dia

lá fora o vento gélido sopra
e os cães ladram nas delegacias

ainda há muito trabalho
para o alvorecer das mudanças...

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