terça-feira, 1 de setembro de 2009

CONSCIÊNCIA & EDUCAÇÃO, po Francisco Vaz Brasil


CONSCIÊNCIA & EDUCAÇÃO
Francisco Vaz Brasil


Consciência é toda a experiência e conhecimento amealhados pelo ser humano que lhe permite realizar avaliações o mundo existente à sua volta. Através da consciência o homem é capaz de realizar julgamentos sobre o meio em que vive, aprovando ou reprovando os próprios atos e os atos praticados por terceiros. É, também, a capacidade de raciocinar e fazer com a máxima perfeição o seu trabalho. A natureza ou essência da consciência é o conhecimento progressivo da realidade, de maneira a refletir cada vez mais e melhor. É ter consciência moral e intelectual de seus atos.
Segundo o wiktionary(*), ”a consciência é uma qualidade da mente, considerando abranger qualificações tais como subjetividade, auto-consciência, sentiência, sapiência, e a capacidade de perceber a relação entre si e um ambiente”.
Ela é um atributo do espírito, da mente, ou do pensamento humano. Ser consciente não é exatamente a mesma coisa que perceber-se no mundo, mas ser no mundo e do mundo, para isso, a intuição, a dedução e a indução tomam parte.
Manfred Frank(**) apresenta a relação entre consciência, autoconsciência e autoconhecimento da seguinte maneira:
Consciência pressupõe autoconsciência. Não há como alguém estar consciente de alguma coisa sem estar consciente de estar consciente dessa coisa.
A autoconsciência é pré-reflexiva. Se a autoconsciência fosse o resultado da reflexão, então só teríamos autoconsciência após termos consciência de alguma coisa que fosse dada à reflexão. Mas isso não pode ser o caso, pois, como dissemos antes, consciência pressupõe autoconsciência. Logo, a autoconsciência é anterior à reflexão.
Autoconsciência e consciência são distintas logicamente, mas funcionam de maneira unitária.
O autoconhecimento -- isto é, a consciência reflexiva ou consciência de segunda ordem -- pressupõe a consciência pré-reflexiva, isto é, a autoconsciência.
Conforme estas observações, a autoconsciência é a base da consciência. Sem ela, não há consciência, nem reflexão sobre a consciência.
O homem, no decorrer dos tempos, com os avanços das técnicas e do conhecimento, passou a adquirir consciência política, consciência da moral, das leis, dos direitos, deveres e dos costumes de seu tempo. Passou a ter consciência de que, com esses avanços, seria necessário ter consciência de que, para poder ser presente e cidadão participativo, teria que alcançar a consciência da necessidade de sua formação, pois os cenários que se apresentam o levam a estagnar no tempo. O homem já não vive aqueles anos dourados, quando os rios ofereciam os peixes e os pomares carregados de deliciosas frutas. Já não se ficava rico vendendo bugigangas e especiarias. É tempo, então, de ir buscar o conhecimento formal, na escola.
É a consciência de que só com educação, com estudo e especialização o homem terá alguma luz, alguma oportunidade de sobrevivência no mundo de todo mundo. O cenário é outro. A consciência, também. Na escola, ele recebe os ensinamentos de muitas disciplinas. Facilidades aqui, dificuldades ali. E, vêm então, as línguas estrangeiras. Por ser uma língua mundial, ele opta pelo Inglês. E ouve um desinformado a frase de que “papagaio velho não aprende a falar”. Ele discorda frontalmente. E se aplica com uma vontade feroz, de superar suas dificuldades. Aprendeu, com Drummond (***) que
"No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra".
A vontade é tamanha que o homem, cônscio da importância do estudo da língua entregou-se aos livros e foi buscar ajuda em coisas modernas, como DVD, CD, revistas e aprendeu com João Cabral (****), que
"Um galo sozinho não tece uma manhã:ele precisará sempre de outros galos.De um que apanhe esse grito que elee o lance a outro; de um outro galoque apanhe o grito de um galo antese o lance a outro; e de outros galosque com muitos outros galos se cruzemos fios de sol de seus gritos de galo,para que a manhã, desde uma teia tênue,se vá tecendo, entre todos os galos".
O homem tem consciência de que terá muitas dificuldades, mas com muito esforço e planejamento de estudos e ajuda de outros meios e pessoas conseguirá aprender a língua e, enfim, graduar-se e aplicar os conhecimentos obtidos em suas atividades, derrubando o mito de que “papagaio velho não fala”. Fala, mas conscientemente.


(*) pt.wiktionary.org/wiki/consciência
(**) FRANK, MANFRED. 2002. "Self-consciousness and Self-knowledge: On Some Difficulties with the Reduction of Subjectivity". 2002 Constellations 9(3):390-408.
(***) ANDRADE , Carlos Drummond de Andrade. No meio do caminho. Revista Antropofagia, 1928
(****) NETO, João Cabral de Melo. Tecendo a Manhã, parte 1. Da obra A Educação pela Pedra

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